MEU FILHO VAI SER DOUTOR!!

Quase todos os pais tem um só pensamento quando seus filhos nascem, especialmente os pais mais pobres. “Meu filho vai ser doutor” e a partir do nome que escolhem ficam imaginando: Rogério…Dr. Rogério! E assim vão escolhendo os nomes que combinam com o pronome de tratamento mais desejado entre os homens; Doutor!
Enquanto eles estão em nosso domínio agente até dudvida que personagens do mal venham arrebatá-los de nós, porem aos poucos somos dominados e ficamos impotentes diante de tudo o que o mundo cheio de fantasias eferece para eles; um gole apenas, uma tragadinha só, uma cheirada rápida, uma transa, uma trama, uma coisa, outra coisa, até chegar ao ponto em que gritamos desesperadamente e eles, com um fone de ouvidos emprenhando suas orelhas, já não conseguem escutar nosso clamor nem ver nossas lágrimas, então nos pegamos pasmos com a estranheza que os cercam.
As fantasias que os embriagam, as drogas que os deixam legais, a cachaça, um ice – uma poderosa 51 com cara de galã – e nossos filhos mergulham de cabeça e, coitados, vítimas de uma sociedade falida, que prega uma alegria falsa, um prazer passageiro e perigoso que pode acabar bem ali na primeira curva, sob a direção de uma motocicleta conduzida inconsequentemente, sem capacete, sem proteção e pronta pra deixar familiares e amigos, de coração partido com os gritos desesperados da mãe que ouve do coração a frase que balbuciou ao ver o filho nascer; “Meu filho vai ser doutro…meu filho seria doutro!!!

Texto de Iraídes Campos para o editorial do Jornal O Regional logo depois do carnaval de 2008.